Projeto universitário ajuda deficientes físicos a retomarem a independência
Um projeto desenvolvido pelo curso de fisioterapia da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS) e com outros cursos da área de saúde da universidade já beneficiou mais de 4,5 mil pacientes que viram a vida mudar repentinamente após acidentes ou por doenças degenerativas. Desde 2003, o projeto “Órtese e Prótese” oferece gratuitamente órteses, próteses e meios de locomoção auxiliares para pessoas que tiveram partes do corpo amputadas ou que perderam os movimentos de algum membro.
Entre os beneficiados está José Altanir Marques, de 43 anos, que participa do projeto desde agosto do ano passado. Ele trabalhava em uma companhia de energia elétrica de Guarapuava quando, em um dia normal de trabalho, recebeu um choque de 34 mil volts. “Perdi o braço direito e a perna direita. Logo depois que recebi alta do hospital eu me inscrevi no projeto. No período entre agosto e dezembro eu fiquei só fazendo fisioterapia e andava só com a cadeira de rodas. Eu ainda estava me questionando se eu ia voltar a andar ou não”, revelou.
Após passar por uma avaliação, José começou a receber treinamentos para fortificar a musculatura da perna, procedimento que faz parte da preparação do corpo para receber a prótese. Ele também passou a receber acompanhamento psicológico, que analisou uma possível existência de traumas ocasionados pelo acidente e pelas amputações. “Consultei três meses com ela e recebi alta. Cheguei de cadeiras de rodas e saí andando. Hoje tenho apenas a prótese da perna, mas estou na fila de espera para receber a prótese do braço. Além disso, todas as terças e quintas-feiras eu faço atividades físicas na Unicentro. Eles me ensinaram a andar novamente, aprendi a viver uma nova vida. Era um milagre eu estar vivo, era para eu ter perdido a vida”, explicou.
Além de fornecer órteses e próteses, o projeto realiza a prescrição, avaliação, adequação, treinamento e o acompanhamento de pessoas com deficiência física natural ou adquirida. O programa também visa a reinserção dos pacientes com deficiência a uma vida normal, de acordo com a professora coordenadora do projeto, Maria Regiane Trincaus.
Segundo a coordenadora, atualmente são atendidos uma média de 35 novos pacientes por mês, além dos que já estão cadastrados. Entre os pacientes antigos está o estudante Leandro de Oliveira, de 22 anos. Este ano completa 11 anos que ele participa do projeto. “Quando tinha 11 anos eu sofri um acidente de trânsito e acabei perdendo a perna direita. Eu comecei o tratamento desanimado, pensava que minha vida tinha acabado. Foi bem estressante, mas conversando com a psicóloga e com outros pacientes eu percebi que tinha gente com problemas muito piores do que o meu”, disse.
O jovem, que vive no município de Rio Bonito do Iguaçu, também na região central do estado, afirmou que termina o 3º ano do ensino médio este ano e está se preparando para o vestibular. “Eu tenho uma vida completamente normal, vou para a aula a pé, jogo bola, às vezes eu até esqueço que tenho a prótese. Agora eu estou aguardando uma prótese nova, já que a recomendação é trocar a cada dois anos”, explicou. O estudante vai até Guarapuava, onde está localizado o campus da Unicentro que sedia o projeto, uma vez por mês para acompanhar o tratamento. “Antes eu ia com mais frequência, mas reduzi as visitas para poder estudar”, contou.
De acordo com a coordenação do “Órtese e Prótese”, entre os equipamentos mais fornecidos entre 2012 e 2013 estão os andadores, bengalas e muletas, contabilizando o total de 147 equipamentos. A pedagoga aposentada por invalidez, Simone de Fátima Siqueira, de 38 anos, foi diagnosticada com esclerose múltipla em 2007 e também é beneficiada pelo projeto, que forneceu um par de muletas do tipo canadense e sessões de fisioterapias. A doença deixou sequelas na perna direita de Simone. “No começo eu usava uma bengala de madeira. Foi então que me inscrevi no projeto para conseguir as muletas. Se não fosse o projeto, eu não ia ter como arcar com o custo dessas muletas, que são caras e pelo projeto saiu de graça”, revelou.
O “Órtese e Prótese” fornece, também, calçados especiais, palmilhas, coletes, talas, tutores, cadeiras de rodas especiais e adaptações para o banho, em cadeiras e em carrinhos. Todos os aparelhos são fornecidos pelo projeto são fabricados por empresas de Curitiba e de Pato Branco. Cinquenta e três profissionais atuam nos trabalhos do “Órtese e Prótese”, entre estudantes e professores. Atualmente, alunos e docentes dos cursos de psicologia, fonaudiologia, serviço social, fisioterapia, enfermagem e terapia ocupacional colaboram com o programa.
Serviço
Os atendimentos são feitos no campus Cedeteg da Unicentro de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h. Os agendamentos de consultas devem ser feitos pelos telefones (42) 3629-8140 ou (42) 3629-8141. Para a avaliação, os pacientes precisam apresentar RG ou certidão de nascimento, CPF, cartão do Sistema Único de Saúde (SUS), comprovante de residência e encaminhamento de um profissional de saúde. Todos os procedimentos são gratuitos.
Fonte: G1
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