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Como a impressão 3D pode ajudar a medicina

Imagine um futuro em que  órgãos humanos artificiais são reproduzidos em impressoras 3D! Pois é, ainda não chegamos lá, mas os primeiros passos já estão sendo dados, inclusive no Brasil.

Unicamp, Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biofabricação. Aqui um projeto inédito de fabricação de próteses de titânio em impressoras 3D promete revolucionar as cirurgias no crânio e na face.

A construção de próteses em 3D em titânio começa com as imagens captadas nos exames de tomografia e ressonância magnética. Essas informações são inseridas em um software exclusivo, que ajuda a reconstruir perfeitamente em “3D” o crânio do paciente: é praticamente uma escultura digital.

Hoje em dia, essas próteses são feitas à mão. No momento da cirurgia, o médico molda a peça que será criada. Já as próteses do futuro, feitas com tecnologia de impressão 3D, são resultado do trabalho de profissionais de imagens: ele cuidam da modelagem que vai virar impressão 3D em seguida.

“O operador do software vai fazer todo o procedimento de segmentação do tecido”, explica André Jardini, pesquisador sênior da Biofabris. “Uma coisa é preparar o modelo do crânio, outra coisa é a prótese, que é modelada por um software para chegar ao design final, que vai ser impressa em 3D.”

“Ela [a prótese] tem uma precisão de décimos de milímetro, então é praticamente perfeita. Nós podemos fazer um planejamento da cirurgia de uma forma muito melhor, visando qual vai ser a abordagem, onde haverá dificuldade e como nós vamos prever e agir para resolver essa dificuldade”, diz Paulo Kharmandayan, coordenador de Cirurgia Plástica da Unicamp.

Depois de aprovado o protótipo, a prótese em titânio é impressa a laser.

“A impressão em metal ocorre da mesma forma que a impressão de plástico. É lógico que o processo é diferente, mas ela parte do mesmo arquivo digital da prótese que foi impressa em plástico, mas utiliza um laser para sinterizar um pó metálico – no caso, o titânio – dentro de uma câmera inertizada com argônio. Aí o processo é de construção camada a camada até a prótese final ser completa, depois ela é removida da câmara de construção, é jateada (limpa) e depois esterilizada para poder ser implantada no paciente durante a cirurgia”, detalha Jardini.

A prótese 3D respeita o mais fielmente possível a anatomia do crânio, nas dimensões e no formato da parte óssea perdida. Isso significa uma reintegração social imediata do paciente – que fica sem qualquer sequela visual.

O titânio é um dos melhores materiais para próteses: ele é leve, resistente e não causa rejeição. Mesmo assim, os pesquisadores continuam atrás de outros biomateriais. O projeto envolve químicos, biólogos, médicos e engenheiros e coloca o Brasil na fronteira do conhecimento nessa área.

Há diversas definições para biomaterial, mas eles são basicamente divididos em duas categorias: a primeira – como o titânio – são os biomateriais inertes, que não sofrem qualquer alteração dentro do corpo humano. A segunda são os biomateriais ativos, que interagem com o organismo, e que trazem até um ar de ficção científica para a nossa realidade.

“Em algumas replicações você se interessa em que o tecido do corpo humano reconstrua em cima de um esqueleto que é construído para que a célula ou tecido, pele, osso, cresça em cima dele e, ao mesmo tempo em que esse tecido vai crescendo, ele vai consumindo esse esqueleto, de forma que o seu corpo reconstrói”, conta Rubens Maciel Filho, coordenador da Biofabris.

O desenvolvimento desse tipo de prótese é muito recente no Brasil, e, infelizmente, inacessível para grande parte da população.

“Hoje uma prótese como essa é feita fora do Brasil, com um custo extremamente elevado, o que inviabiliza para a quase totalidade das pessoas que sofrem acidentes. Mesmo as pessoas mais abastadas não têm condição de suprir o gasto que uma cirurgia com esse tipo de tratamento”, observa Kharmandayan.

O desafio de tornar essas tecnologias mais efetivas e acessíveis é enorme. Mas já tem gente que arregaçou as mangas e está atrás de maneiras de tornar essas maravilhas da medicina moderna mais próximas de todos nós.

Fonte: Olhar Digital UOL

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